terça-feira, 22 de março de 2011

Improvisação no Violoncelo

Olá caríssimos violoncelistas, como de costume venho utilizando o blog Violoncelos de Maceió para compartilhar ideias, dicas de estudos e informações que podem luzir um ciclo crescente na troca humana do dia a dia do nosso instrumento que amamos: o Violoncelo.

Para tanto, vejo entre meus colegas das orquestras e dos conservatórios aqui em Maceió/AL um interesse gradativo pela arte da improvisação. Isso me chama atenção por justamente os estudos nesse instrumento, hoje em dia, não primarem por esse assunto, resumindo-se apenas em técnicas específicas ou pelo estudo de peças de compositores imortais, assim o estudo do violoncelo ficando, em minha visão, incompleta, pois todos os instrumentos musicais são ótimos para instigar nossa capacidade de criação, de liberdade, de auto-expressão, de improvisar.

Edgar Willems em seu livro As bases psicológicas da educação musical afirma no capítulo relacionado à criação musical que “os cursos de harmonia, que os alunos seguem por vezes por simples obrigação, para obter um diploma, e que são necessários para se poder analisar as peças de música, deveriam normalmente preparar os alunos para a composição (...) como de resto de improvisar (...) Não é o resultado visível que importa, mas sim a possibilidade de criar e, portanto, de poder beber nas fontes vivas da natureza humana.” (p. 181).

Ao se falar de improviso logo remete aos músicos o Jazz, já que sua essência está contida no livre caminhar das melodias e no poder de composição instantânea dos instrumentistas. Mas, há quem não goste de Jazz, porém pergunto eu: Será que a arte da improvisação só acontece no Jazz? A resposta que afirmo é negativa, caros colegas celistas. Podemos improvisar em todos os gêneros musicais, basta ter boa vontade e um pouco de criatividade. Lembrem-se dos antigos músicos, Mozart e Beethoven eram grandes virtuoses nessa arte. Se você pensa que o estudo formal do Violoncelo não consiste improvisar comece a refletir sobre seus horizontes e veja o alagoano Hermeto Pascoal, o carioca Nelson Faria, entre tantos outros.

Dicas para iniciar estudos de improvisação:

  1. Estude harmonia tonal: Os livros de Paul Hindemith (Curso Condensado de Harmonia Tradicional) e Arnold Schoenberg (Harmonia) são bem informativos nessa matéria;
  2. Leia livros de improvisação, e assuntos como Campo Harmônico e as Escalas Gregas ajudarão bastante: Escalas para improvisação de Luciano Alves, A arte da improvisação para todos os instrumentos de Nelson Faria, Arranjo Método Prático de Ian Guest Editado por Almir Chediak, entre outros, são apropriados;
  3. Planeje uma seqüência harmônica que contenha uma cadência com funções fundamental, subdominante e dominante, por exemplo: C, Am, F, G;
  4. Construa arpejos simples dos acordes planejados (uma nota por tempo, semínimas);
  5. Utilize divisões nos tempos, variando ritmicamente (colcheas, semicolcheias, etc);
  6. Troque a nota do último tempo por uma sensível ao próximo acorde;
  7. Arpeje utilizando inversões dos acordes de primeira e/ou segunda ordem;
  8. Pratique tudo isso em oitavas diferentes;
  9. Crie um motivo ornamental;
  10. Empregue sua técnica tradicional violoncelística na arte da improvisação.

Mais um trecho de Willems para você:

“Um das chaves da criação, ou da recriação, é o amor pela música e o desejo intenso de a realizar. Este amor pela música e o desejo devem ser despertados e cultivados no aluno, a fim de que seu desenvolvimento musical se faça segundo as leis da vida humana e musical.” (p. 185).

Boas improvisações violoncelísticas a partir de agora!